Segantini Museum St. Moritz, St. Moritz
/Ouverture\Rilke : Der Berg
<Der Berg>
Sechsunddreißig Mal und hundert Mal
hat der Maler jenen Berg geschrieben,
weggerissen, wieder hingetrieben
(sechsunddreißig Mal und hundert Mal)
zu dem unbegreiflichen Vulkane,
selig, voll Versuchung, ohne Rat, —
während der mit Umriss Angetane
seiner Herrlichkeit nicht Einhalt tat:
tausendmal aus allen Tagen tauchend,
Nächte ohne gleichen von sich ab
fallen lassend, alle wie zu knapp;
jedes Bild im Augenblick verbrauchend,
von Gestalt gesteigert zu Gestalt,
teilnahmslos und weit und ohne Meinung -,
um auf einmal wissend, wie Erscheinung,
sich zu heben hinter jedem Spalt.
Rainer Maria Rilke, (Juli 1906 und 31.7.1907, Paris). in “Neue Gedichte — II” (1908).
<A montanha>
Trinta e seis vezes e mais outras cem
o pintor escreveu essa montanha,
devotado, sem êxito, à façanha
(trinta e seis vezes e mais outras cem)
de entender o vulcão que ele trazia,
feliz, mesmerizado, no seu peito,
mas a montanha de perfil perfeito
não lhe quis revelar sua magia:
doando-se do ar de cada dia,
mil vezes, cada noite cintilante
abandonando, como sem valia;
cada imagem imersa num instante,
em cada forma a forma transformada,
indiferente, distante, modesta — ,
sabendo, como uma visão, do nada,
acontecer atrás de cada fresta.
Rainer Maria Rilke, em “Novos Poemas II” (1908). In: Campos, Augusto de (organização e tradução). Coisas e Anjos de Rilke. São Paulo: Editora Perspectiva, 2013, p. 296–297.